segunda-feira, 20 de setembro de 2010

O QUE ACONTECE QUANDO SE AERA UM VINHO ? QUAL O SIGNIFICADO DE AERAÇÃO DO VINHO ?


Expondo o vinho ao ar ocorrem duas coisas: inicia oxidação e a evaporação. Oxidação é o que faz uma maçã ficar marrom depois que você a corta, e evaporação é o processo pelo qual um liquido se torna vapor. O vinho é composto por uma centena de elementos, e com a aeração, geralmente os compostos aromáticos indesejados irão evaporar mais rápido do que os desejados.
Existem alguns compostos particulares que são reduzidos com aeração, tais como sulfitos, que são adicionados ao vinho para prevenir oxidação e atividade microbial mas que tem um odor semelhante a palito de fósforo queimado e sulfidos que o odr se assemelha a ovo podre e casca de cebola. Etanol é um composto altamente volátil que pode estar muito presente logo que você abre a garrafa, mas com a aeração desaparece.

CULTURA DA VINHA.




Solo


O solo é um elemento decisivo na escolha do local de plantação da vinha, pois é a partir dele que a vinha vai receber a sua alimentação. Assim, antes de iniciar a plantação é preciso realizar alguns trabalhos de preparação e adubação do solo. Para a videira se desenvolver corretamente é necessário que a raiz tenha espaço no solo para crescer. É importante que se aumente a drenagem interna dos terrenos e o poder de retenção de água no solo. Além disso, deve-se proceder à análise de solos para determinar quais os elementos que devem ser enterrados em profundidade para constituírem uma boa reserva de nutrientes.




Porta-enxerto


No final do século XIX toda a Europa foi invadida pela filoxera, uma doença provocada por um inseto, que devastou muitas vinhas. Ao tentar combater esta doença fatal, descobriu-se que as raízes das videiras americanas eram resistentes ao inseto. A partir daí, começou-se a enxertar as videiras, isto é, utiliza-se uma raiz de origem americana e a parte superior de origem européia, que determina o fruto produzido. O porta-enxerto deve ser escolhido de acordo com o solo e o tipo de casta.




Castas


As videiras mais cultivadas são da espécie vitis-vinifera. As castas são variedades da videira e devem ser selecionadas de acordo com o solo, o clima e o tipo de vinho a produzir. A mesma casta origina vinhos completamente distintos de acordo com o solo e clima, embora possuam alguns componentes aromáticos que persistem independentemente desses fatores. Em cada região demarcada existem castas recomendadas que se destacam devido à sua elevada qualidade, excelência e adaptação local à produção de vinhos.




Enxertia


A enxertia é o processo de unir a parte aérea da planta (folha, caule, uvas) de origem européia com uma raiz de origem americana (designada de porta-enxerto) de forma a constituir uma só planta. O enxerto pode ser ligado através do método de garfo (utiliza um fragmento de ramo) ou de borbulha (utiliza um fragmento de casca que contem um olho), mas o comum é ser utilizado o método de garfo. A enxertia deve ser realizada a uma temperatura que ronde os 20º-25ºC, pois a esta temperatura há uma grande atividade celular e os elementos da planta produzem muitos tecidos cicatrizais, o que facilita a união dos dois elementos. Hoje em dia, é possível adquirir no mercado enxertos “prontos”, isto é, prontos a serem plantados.




Plantação e condução da vinha


A plantação da vinha inicia-se entre o mês de janeiro e março, quando ocorre a época de repouso vegetativo. Nos locais frios e unidos a plantação deve ser mais tardia do que nas zonas quentes e secas. A condução da vinha diz respeito à distribuição das videiras no solo, ou seja, o modo como a vinha se distribui no campo e se estrutura o desenvolvimento da planta. É essencial para a boa qualidade das uvas produzidas e tem como objetivo proporcionar as melhores condições de desenvolvimento da planta de acordo com o meio envolvente. Existem formas de condução tradicionais e modernas, mas todas têm uma finalidade em comum: permitir que a luz solar chegue aos cachos, que de outra forma seria encoberta pelas folhas da videira.




Poda e empa


A poda é a operação que consiste no corte de uma parte dos ramos da videira. Os seus objetivos são proporcionar melhores condições de produção e equilíbrio entre a planta e a sua vegetação, caso contrário a videira produz muitos cachos de bagos pequenos e de fraca qualidade. Se a poda se realizar após a vindima, quando a videira não tem folhas, é a poda de Inverno: a videira está em descanso vegetativo e os efeitos da poda na planta destinam-se a preparar a produção do ano seguinte. Se a poda for realizada quando a videira já tem folhas, é designada de poda em verde. Esta poda enfraquece a expansão vegetativa e os recursos da planta são mais dirigidos para os cachos.A empa consiste em dobrar e amarrar a vara que resulta da poda a um tutor (geralmente um arame) e normalmente é realizada ao mesmo tempo que a poda. O tutor apóia a videira e permite que a seiva chegue a toda a planta. A vara é dobrada para que as folhas da videira fiquem bem distribuídas




Intervenções em verde


As intervenções em verde correspondem às operações realizadas na videira, quando esta se encontra no processo vegetativo. É útil para continuar a assegurar as melhores condições de desenvolvimento da planta e de amadurecimento dos cachos. Mas também é essencial para facilitar a aplicação dos produtos fitossanitários e facilitar a passagem das máquinas. Nas intervenções em verde importa destacar: a desponta (corte das extremidades da vegetação); a desfolha (corte dos ramos jovens e folhas desnecessárias para facilitar o amadurecimento dos cachos) e a monda de cachos (utilizada em videiras muito produtivas, consiste na eliminação de alguns cachos para melhorar a qualidade das uvas dos cachos que continuam na videira).




Tratamentos


A videira está sujeita a doenças (bactérias, vírus ou fungos que atacam a planta) ou pragas (quando animais, por exemplo insetos ou pássaros, causam estragos na videira). Algumas das doenças mais comuns são o míldio e o oídio que atacam os órgãos verdes da planta. Algumas das pragas mais habituais são a traça da uva (atinge os bagos em todas as fases de desenvolvimento), a cigarrinha verde e o aranhiço vermelho (causam prejuízos na folhagem). Para prevenir doenças e pragas, as videiras recebem tratamentos fitossanitários que variam dependendo da região, solo e tipo de casta plantada, e também no número de pulverizações e no tipo de fungicidas aplicados.




Rega


A videira necessita de água quando inicia o crescimento vegetativo, isto é, quando os bagos começam a crescer e na fase da maturação. Contudo, o excesso de água pode ser prejudicial, pois conduz a um crescimento anormal dos bagos e consequentemente a mostos pouco concentrados. Hoje, o sistema de rega gota-a-gota é bastante popular, pois permite controlar a quantidade de água depositada em cada videira. No entanto, existem vários locais onde as vinhas não são regadas regularmente. Na verdade, na maior parte, só em verões muito quentes e secos onde não é normal esse tipo de condições climatéricas se procede à rega da vinha.




Vindima


A altura de iniciar a vindima é determinada de acordo com o estado de maturação das uvas e as condições climatéricas. À medida que os cachos amadurecem, a acidez dos bagos diminui e os teores de açúcar aumentam. É possível fazer análises por amostragem e procurar determinar a data da vindima em função da acidez e do grau de álcool previsível. Em relação às condições climatéricas, é desejável que não chova, já que a água e umidade absorvida pelos cachos são transmitidas para o vinho.



Fonte: Infovini

BRAVIO DELLE BOTTI em MONTEPULCIANO – ITÁLIA.



Para quem gosta de viajar e aproveitar as festas típicas de cada região aqui vai uma dica de festa muito antiga.
Ocorre no último domingo de agosto o Bravio delle Botti. O desafio original entre as oito contradas (divisões) de Montepulciano que competem por uma bandeira pintada tendo que rolar um barril de aproximadamente 80 Kg por 1800 m na principal rua da cidade. O barril é rolado por dois atletas chamados “spingitori”.
A palavra “Bravio” deriva do vernáculo “bravium” e esta indica o “panno” (bandeira) pintada com a imagem do patrono da cidade – São Giovanni Decolatto – que é premiada a contrada vencedora desde os anos 600.



domingo, 5 de setembro de 2010

DESIGN E VINHO.



A designer sueca Matilda Ringnér Sünden, criou um objeto inovador para servir o vinho: Rainman.


É uma jarra de vidro, em forma vagamente cónica, cilíndrica, aberto na parte superior e furado na parede lateral (tipo um chuveiro). A abertura é, obviamente, para derramar o vinho, enquanto o lado de abertura para servir a copo.


Em primeiro lugar, este é um objeto de design, dadas as formas, transparência e beleza. Mas também pode ser usado para decantaçao e oxigenação do vinho - se for necessário.Na verdade ...Quando servimos a nossa bebida, com esse objeto, o vinho cai como "chuva" na taça, e isso aumenta a quantidade de vinho em contato com o ar, fenómeno que favorece a oxigenação do vinho e promove o "despertar" de perfumes e aromas, escondidos. Util? Deixo a resposta com você!

Você pode visitar o site Skruf Glasruks: http://www.skrufsglasbruk.se/

ALARME FALSO ! POUCA COISA MUDOU PARA OS VIAJANTES QUE TRAZEM VINHO DO EXTERIOR.

Toda vez que vejo uma notícia dizendo que haverá alívio tributário (o leão ficando mais manso???) fico desconfiado. Se isso envolver o vinho, então...
Vi, nos últimos dias, algumas notícias e postagens que davam conta que haveria "isenção" para 12 litros de bebida alcoólica trazidas por viajantes vindos do exterior. Preferi esperar a publicação das normas para tratar do assunto aqui. E, sem nenhum demérito àqueles que divulgaram de pronto a notícia, acho que fiz bem.
Analisando tanto a portaria como a instrução normativa, verifica-se que, a rigor, não houve uma "isenção" propriamente dita. As garrafas de vinho que você trouxer do exterior (de avião) continuam integrando o cômputo dos 500 dólares de isenção geral. Portanto, se você trouxe, por exemplo, um notebook de 500 dólares, não poderá trazer nenhuma garrafa de vinho com isenção.
O que mudou, na prática, foi a quantidade de bebida alcoólica que você pode trazer (são 12 litros) dentro da isenção. Mas não se trata de isenção específica para as bebidas alcoólicas. Isso tudo continua, como eu já disse, dentro dos 500 dólares. Antes, não havia uma quantidade normatizada.
Em 2008, o amigo João Filipe Clemente (se você ainda não conhece o excelente blog dele, clique aqui) fez uma bela postagem sobre isso, que contou com a complementação do Rafael, que se identificou como servidor da Receita Federal. Ali, o Rafael trouxe esclarecimentos no sentido de que cabia ao agente alfandegário avaliar se os vinhos trazidos teriam ou não destinação comercial. Pelo que se compreende da nova norma, não há mais essa necessidade, desde que observado o limite de 12 litros.
As normas trouxeram alguns avanços. Incluíram, na definição "bens de caráter manifestamente pessoal" uma câmera fotográfica, um relógio de pulso e um aparelho de telefone celular. Mas isso só vale se esses itens estiverem dentro daquilo que a norma chama de "compatibilidade com as circunstâncias da viagem"...


CONSUMO DE VINHO MELHORA RACIOCÍNIO.

Um estudo realizado na Universidade de Tromso, na Noruega, indica que o hábito de ingerir álcool moderadamente faz bem para o raciocínio - melhor ainda se a bebida for vinho. Voluntários que bebiam com moderação (quatro vezes ou mais por semana) se saíram melhor em testes medindo funções cognitivas do que os totalmente abstêmios ou que bebiam pouco (uma vez ou menos no mesmo período).
Foram avaliados mais de 5 mil homens e mulheres, com idade média de 58 anos. Os autores da pesquisa, publicada na revista Acta Neurologica Scandinavica, admitem que outros fatores não testados como dieta e profissão podem ter influenciado. Idade, nível de educação, peso e doenças foram considerados.
Em mulheres, o fato de não beber esteve associado a desempenho cognitivo “significativamente” mais baixo. “O maior risco de função cognitiva pobre esteve em abstêmios. Entre homens, resultados sugerem menos disfunção cognitiva em consumidores de vinho e cerveja”, diz o artigo. Os autores anotavam só a frequência do consumo, não a quantidade. As diferenças entre os sexos podem estar ligadas a diferentes níveis de consumo.
Não há consenso sobre o que pode causar o efeito benéfico do consumo de álcool. Poderia estar relacionado à presença de antioxidantes como os polifenóis ou até ao próprio álcool etílico, que fortaleceria as artérias e reduziria inflamações, melhorando o fluxo de sangue.

ENOCHATOS


QUE ME PERDOEM OS CHATOS
Josimar Melo, critico de gastronomia da Folha de S.Paulo.

Não existe enochato. Existe chato, e ponto.

Ouço às vezes pessoas se queixando de outras que seriam os "enochatos". Acho ruim esta designação, porque ela em geral supõe que uma pessoa que aprecia intensamente vinhos, estuda os vinhos, procura identificar suas características e qualidades, seria um chato. Seria o mesmo que dizer que alguém que ama cinema, que procura saber tudo sobre esta arte, que assiste a filmes atento a cada detalhe de iluminação, ritmo, atuação, que recorda cenas e falas inteiras, seria um chato, um "cinechato"!Absurdo.

O que faz uma pessoa chata não é ser fanática por vinhos ou cinema. O que faz uma pessoa chata é que ela é... chata por natureza! Não é capaz de medir as palavras e as ações, ou de adequá-las ao ambiente, às pessoas, ao momento que tem à sua volta. Não é capaz de respeitar outros interesses, não é capaz de perceber, e respeitar, o outro.Muita gente sente, sim, cheiro de estrebaria ou de piche ou de violeta ou de banana num vinho. Aromas produzidos por moléculas que, queiram ou não os céticos, estão ali, sim existem fisicamente. Se uns sentem mais, outros menos, não é defeito nem de uns, nem de outros. Mas eles existem, talvez detectados erradamente às vezes, mas não sempre.

Como reconhecer o chato, com ou sem copo na mão. Será mesmo que alguém é chato por sentir sabores balsâmicos num vinho, ou travo de taninos? Absolutamente não. E se ele estiver entre enófilos, numa degustação, e trocar estas impressões com outras pessoas igualmente interessadas no assunto, será um chato inconveniente? Mais uma vez, lógico que não.

Mas ele será certamente um chato se: Quiser monopolizar a conversa à mesa, numa refeição de família em que muitos estão tomando refrigerante, outros estão tomando vinho sem compromisso, outros são alcoólatras tentando se reabilitar e querem evitar o assunto, mas todos terão que ouvir por horas a descrição detalhada de cada gole dado pelo chato.

Durante uma festa, em que há interesses e conversas variadas, obrigar todo mundo a meter o nariz na taça dele para confirmar como realmente tudo o que ele está dizendo é verdade. No meio do jogo, quando o Robinho está prestes a fazer um gol de letra em sua reestreia pelo Santos, postar-se diante da TV para anunciar, como se fosse a cura do câncer, que ele descobriu um novo aroma que só se desenvolveu no copo agora, meia hora depois de aberta a garrafa. E por aí vai.

Mas veja bem: supondo que este mesmo chato seja proibido de falar de vinho; você acha que ele deixaria de ser inconveniente? Duvido.

Ele deve ter algum outro assunto que ache interessante, nem que sejam as novas e excitantes promoções no escritório em que trabalha. E você acha que ele vai deixar alguém almoçar em paz, beber em paz, assistir ao futebol em paz, sem contar detalhes de como aquela assistente enganou aquele chefe (na cama, certamente) para conseguir um cargo que nem merecia etc. etc.??Vejo que frequentemente, ao se referir a um amante do vinho como enochato, muita gente está se referindo ao fato dele dominar certa área do conhecimento (os vinhos) mais do que as outras pessoas, e que isso provoca desconforto. Como resultado, incentiva-se uma generalização perigosa: a ideia de que o conhecimento, a expertise, o aprofundamento em um tema seriam coisas de chato.Em outras palavras, dissemina-se a cultura da ignorância: as pessoas não devem conhecer muito. Basta achar um vinho gostoso, um filme divertido, e chega. Nada de pensar, analisar, discutir.Vamos com calma.

O elogio da ignorância sim é uma chatice. E perigosa.