quarta-feira, 18 de agosto de 2010

SELO FISCAL FICA PARA 2011.

Uma Instrução Normativa da Receita Federal publicada ontem no Diário Oficial da União prorrogou para 1º de janeiro de 2011 a implantação do Selo de Controle Fiscal para os produtores nacionais e importadores de vinho. Antes da mudança, a data limite para que a bebida pudesse sair das vinícolas, engarrafadoras e importadoras sem o selo era 31 de outubro.
A medida atende a um pedido das principais entidades representativas do setor vitivinícola brasileiro.
“Pedimos a ampliação do prazo porque a Receita estava com dificuldades de entrega do selo e porque as empresas teriam de mexer em seus estoques de vinhos para o final do ano, abrindo caixas e mais caixas para o selamento. Assim, não atrapalhamos o período de maior comercialização de vinho e espumante no país, que é o final do ano, e começamos vida nova a partir de 2011″, explica Júlio Fante, presidente do Conselho Deliberativo do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin).
O selo fiscal para vinhos e derivados foi instituído pela Receita por meio de Instrução Normativa publicada em 16 de abril. Inicialmente, o registro especial para obtenção do selo deveria ser solicitado até 31 de agosto. Agora, o prazo foi estendido até o último dia útil de outubro (30). Os selos a serem utilizados nos vinhos importados serão da cor vermelha combinada com marrom; os dos vinhos brasileiros, verdes com marrom.
Também mudou, de 1º de julho de 2011 para 1º de janeiro de 2012, o prazo para atacadistas e varejistas comercializarem vinhos com o selo.
“O objetivo do selo é aumentar o controle no comércio de vinhos, beneficiando quem trabalha dentro das obrigações legais e de mercado”, diz o diretor-executivo do Ibravin, Carlos Raimundo Paviani.




FONTE: Mauricio Roloff

sábado, 14 de agosto de 2010

STEVEN SPURRIER DE OLHO NO BRASIL.

Especialista em descobrir talentos no Novo Mundo, o crítico britânico Steven Spurrier está de olho no Brasil. Conhecido por ter conduzido, em 1976, o julgamento de Paris (degustação às cegas que confrontou rótulos franceses e norte-americanos e projetou os vinhos da Califórnia), ele afirmou em sua coluna na revista Decanter, edição de agosto, que “as vinícolas do sul do Brasil estão cheias de agradáveis surpresas”.



Sua boa impressão foi forjada na visita que fez ao estande verde e amarelo da 30ª London International Wine Fair, realizada em junho deste ano.


A menção ao país fica por aí, mas quem esteve na feira garante que Spurrier destacou a boa fruta em produtos pouco alcoólicos, a forma como os brasileiros acompanham bem a comida e a regularidade na qualidade dos nossos vinhos.

ENOTURISMO - LUGARES NO MUNDO PARA CONHECER.

Assim como é notório o crescimento de vinícolas ao redor do mundo, os "turistas do vinho" também acumulam centenas de seguidores, forçando a melhoria de serviços e de variedade gastronômica durante os eventos de degustação. O site da Fobers publicou uma lista com o top 10 de destinos internacionais de vinhos para se visitar. A pesquisa teve o acompanhamento de George Taber, autor de In search of Bacchus: wanderings in the wonderful world of wine tourism.

Confira abaixo o ranking:

1 - Castello Banfi, Toscana, Itália: a vinícola de Banfi teve início com John Mariani, um importador americano. Considerado um dos mais bonitos na Toscana, o lugar se orgulha de seu lindo castelo com dois grandes restaurantes, uma sala de degustação de vinhos e um tour pela adega.

2 - Montes, Vale do Colchagua, Chile: A Viña Montes é dos mais conhecidos produtores chilenos e, segunto Taber explica, a única vinícola do mundo, que ele tem conhecimento, onde os vinhos são envelhecidos com cânticos gregorianos sendo entoados ao fundo.

3 - Ken Forrester, Stellenbosch, África do Sul: Stellenbosch é considerada uma das áreas de vinho mais bonitas do mundo, com um clima mediterrâneo. O produtor Ken Forrester realizou diversas viagens até o vale do Loire, na França, antes de aplicar a sua especialidade na terra natal, na África do Sul.

4 - Fournier, Mendoza, Argentina: "A vinícola está a poucas milhas dos Andes, então é possível observar os topos das montanhas cobertos de neve ao longo do ano", destacou Taber. O lugar tem um estilo moderno, quase como uma nave espacial que aterrissou no meio do deserto.

5 - Leeuwin Estate, Margaret River, Austrália: "É como uma pequena bolsa que consegue fazer vinhos excelentes", descreveu Taber. "É uma área maravilhosa com florestas, pouco povoada e um ótimo serviço".

6 - Felton Road, Central Otago, Nova Zelândia: Relativamente nova neste universo, a Central Otago é a região de vinhos mais sulista do planeta. Algumas áreas, como o Gibbston Valley, são esteticamente mais agradáveis do que outras, mas os degustadores podem aproveitar as estrelas da pinot noit da região, como o Carrick, Mt. Difficulty, Akarua e Felton Road.

7 - Bodegas Ysios, Rioja, Espanha: A área ficou famosa com o passar dos anos devido à arquitetura que lembra as obras do canadense Frank Gehry. "Projetada por Santiago Calatrava, a Bodegas Ysio traz as montanhas logo atrás e também produz ótimos vinhhos", explica Taber.

8 - Quinta do Portal, Douro, Portugal: Para chegar até esta vinícola, faça uma viagem de carro. Se planeja provar mais do que uma taça de vinho, é melhor pensar em passar a noite. "O hotel para os hóspedes possui vistas lindas", indica Taber.

9 - Château Lynch-Bages, Bordeaux, França: Bordeaux é conhecida por produzir alguns dos melhores vinhos do mundo. Mas a região não é famosa por belas vistas ou experiências amigáveis com turistas. A Lynch-Bages é uma exceção, com um hotel, restaurantes e shopping.

10 - Peter Jakob Kuhn Oestrich, Mosela, Alemanha: Considerado um dos lugares mais românticos do mundo, a vinícola se encontra numa área de castelos sobre as montanhas e vizinhança cordial. "Os vinhos agora são os melhores e mais consistentes de todos os que eles já fizeram", complementa Taber.

MICHAEL BROADBENT, COLUNISTA DA DECANTER

Os desafios mais recentes da indústria de vinhos são os grandes empresários e a falta de conhecimento do consumidor. Quem afirma é Michael Broadbent, colunista da Decanter, em entrevista comemorativa de sua 400ª publicação.

"O que eu sinto é que os consumidores nunca tiveram tantas opções, mas também nunca estiveram tão confusos", declarou. "O mundo todo tem produzido um bom padrão de vinhos, e eles (consumidores) precisam de alguma orientação".

Broadbent, que escreve sobre vinhos há mais de 50 anos, disse ainda que percebeu inúmeras mudanças na indústria ao longo dos anos, mas não concorda com os rumos que têm sido tomados.

"Parece que os grandes empresários estão tomando conta e eu não gosto do modo como as coisas caminham", afirmou. A primeira coluna de Broadbent foi publicada na Decanter em fevereiro de 1977, intitulada Michael Broadbent's Tasting Notes. A edição de número 400 está prevista para setembro, com um retrospecto de sua carreira na indústria.

UMA PEQUENA FESTA.


Inicio da noite de domingo. Após dois dias de aulas chegamos ao momento comemorativo de encerramento do 1º curso de degustadores oficial da FISAR, uma pequena festa.

Um curso diferente desde sua organização e local.
A proposta sugerida pela FISAR era realizar um curso para os apaixonados do vinho e profissionais da área com os quais pudéssemos desenvolver as técnicas de degustação e aprimorar os conhecimentos do mundo vitivinicola. Não seria apenas uma degustação dirigida de algumas poucas horas, mas um encontro no qual pudessemos realmente fazer com que o participantes reconhecessem nos sentidos aquilo que lhes proporciona prazer no vinho (e inclusive reconhecer os defeitos da bebida).

Nossa primeira tarefa foi definir o local onde seria realizado o encontro. E aí contamos com o empreendedorismo de Normélio Ravanello. Proprietário de uma jovem e belíssima vinícola em Gramado, Normélio não mediu esforços para que nosso projeto tomasse forma. Acelerou a finalização de suas obras e criou um dos mais belos espaços de encontro, aula e degustação de nossa região. A primeira etapa de nosso projeto estava definida, precisaríamos agora apresentar o curso as pessoas e convidá-las a participar do curso. Esta foi a tarefa mais fácil, pois o primeiro anuncio do curso fez correr um comentário boca-a-boca que nos obrigou a uma decisão difícil – deveríamos limitar o número de participantes ao máximo de 30 pessoas. Em pouco tempo estavam definidos os participantes do curso e enquanto aguardávamos a data iríamos resolvendo outros detalhes do encontro.


Para aprontar uma degustação de algumas horas é necessária uma organização grande, imagine prever um encontro de dois dias na qual precisaríamos mais de 150 taças de degustação ISO, água, coffe break, material didático (apostilas, livros, fichas de avaliação dos vinhos, data show), certificados diretos da Itália, 50 garrafas de vinhos espumantes, brancos e tintos, preparação do jantar de encerramento, etc. Mas acabamos desenvolvendo uma boa experiência nos wine dinners realizados mensalmente no San Tao e conseguimos materializar com tranquilidade a segunda parte do nosso sonho.

Local definido, estrutura montada e grupo formado, chegamos ao início das aulas.
A didática de Roberto Rabachino, experiente professor universitário, chamou a atenção dos participantes. Mesmo que sua apresentação seja proferida em italiano (o que traz um charme as aulas), ele se faz compreender como todo grande mestre. Mas sempre acompanhado das traduções simultâneas por parte do instrutor técnico e enólogo Jefferson Sancineto Nunes, podemos dizer que tivemos dois grandes professores.

A primeira etapa deste percurso didático era apresentar a técnica de degustação, as sensações proporcionadas pelo vinho e o reconhecimento de que cada participante ali presente era capaz de avaliar tecnicamente um vinho, como qualquer profissional o faz. A segnda parte da nossa teoria foi referente à explicação do processo de produção dos espumantes e por fim a explicação da ficha de avaliação de espumantes.

Terminada a teoria do primeiro dia, iniciamos com a degustação de espumantes e como todos encontros promovido pela FISAR, o serviço dos vinhos é realizado por sommeliers formados (conceitualmente, para FISAR, o bom serviço do vinho faz parte da dinâmica de aprendizado).
Surgiram então as primeiras descobertas. Alunos opinando sobre as características dos vinhos, definindo padrões de qualidade como se já conhecessem o assunto há muito tempo. Todos que já passaram por essa experiência em aprender a reconhecer as cores, aromas e gostos do vinho e entender os seus significados sabem que é um momento único, de realização e prazer.

Encerramos esse nosso primeiro dia pontualmente as 19:30h, mas já anciosos para as descobertas do dia seguinte.
Com a turma pronta para as atividades do segundo dia, iniciamos com um giro pelo mundo vitivinicola. De maneira pontual foram apresentadas as principais características dos paises vitivinicolas, com uma especial ênfase a Franca e Itália, os dois principais produtores de vinhos de qualidade no mundo.
Após essa viagem pelo mundo, pudemos visitar a cantina Ravanello, guiada pelo nosso anfitrião, e verificamos o grau de dedicação e investimento que foi empregado. O mesmo maquinário encontrado nos grandes Chateau franceses ou nas Cantinas italianas estão sendo utilizados aqui. O caminho na busca do vinho de qualidade foi visto em loco.
Após a visita, tivemos uma aula técnica com o enólogo Jefferson que apresentou o processo de produção de vinhos. Os cuidados da planta, na colheita e processos diversos de produção forma detalhadamente apresentados permitindo que entendêssemos o significado e o resultado daquilo que encontramos na taça. Por que os aromas tem determinadas características? a cor representa o que? Como reconhecer na pratica as características do terroir ? foram as pistas apresentadas para iniciarmos nossa seção de degustação do segundo dia.
Iniciamos com vinhos brancos – sauvignon blanc, gewurztraminer, podemos comparar 3 chardonnays com características distintas – vinhos rosés e por fim os vinhos tintos. Aqui foi apresentado a realidade do vinho nacional, vinhos de qualidade e excelente estrutura capazes de responder por si ao antigo preconceito de que vinho brasileiro não é bom. Rabachino, um reconhecido divulgador da qualidade do vinho brasileiro pelo mundo, foi o primeiro a reconhecer a merlot como a grande cepa nacional, isso já fazem 5 anos.

Terminada a aula, todos felizes e satisfeitos puderam um a um cumprimentar o “maestro” - como passou a ser chamado no transcorrer das aulas - durante a entrega dos certificados e por fim iniciamos nosso jantar de encerramento organizado pela equipe do restaurante San Tao. Chegamos novamente neste momento – nossa pequena festa.
Um abraço a todos e ate um próximo curso.

O VINHO COMO NEGÓCIO.

A fase complicada da economia mundial tem feito com que empresários busquem outros tipos de mercado para investir. Quem ganha com essa situação é a indústria vinícola. Isso porque o vinho surge como uma boa opção de negócio, a partir de resultados positivos obtidos com a venda das bebidas, principalmente nos Estados Unidos. Pesquisas indicam que o consumo de vinhos no país aumentou 0,8% (297 milhões de garrafas) em relação ao ano passado. O valor representa o 16º ano consecutivo de crescimento, informa o Beverage Information Group’s 2010 Wine Handbook.
As vendas domésticas americanas cresceram em 1,8% (em torno de 222,7 milhões de garrafas), alavancando as importações. Ao mesmo tempo, países como Chile, Nova Zelândia e Portugal também apresentam bom desempenho em suas vendas.

“Enquanto o país tenta se recuperar da recessão, a indústria de vinhos segue numa direção bastante positiva”, declarou Eric Schmidt, diretor de serviços de informações do Grupo Beverage Information. “Esperamos ver um aumento no consumo de vinhos para 310,7 milhões, em 2014”.

A pesquisa notou ainda que a crise econômica também modificou o perfil dos consumidores. Agora, há uma procura maior por vinhos mais baratos, assim como mais práticas de barganha online, principalmente entre os clientes na faixa dos 21 a 33 anos.

Os investidores irlandeses, por sua vez, também tomaram conhecimento da situação e apostam suas fichas no vinho fino, ao mesmo tempo em que diminuem outras formas de negócios.

O empresário James Nicholson, que oferece um número variado de serviços pela internet - através do site JNwine.com -, informou que os consumidores garantem um retorno anual aproximado de 23% para as cartas de vinho do endereço eletrônico.

"A queda da economia, especialmente o baixo retorno do mercado de ações e propriedades, estimulou as pessoas a olhar para outras direções e o vinho tem chamado cada vez mais atenção como produto, o que nos dá a expectativa de aumento do seu valor", explicou James Nicholson. "A bebida tem apresentado uma boa performance ao longo dos anos e, apesar de uma correção em 2008, registrou um crescimento satisfatório desde então, com muitos vinhos obtendo resultados melhores do que anteriormente".

FONTE: WINE REPORT

MUDANÇA CLIMÁTICA MODIFICA VITIVINICULTURA NA AUSTRÁLIA.



O ano de 2010 foi o mais quente dos últimos 20 anos na Austrália. O calor foi tanto que, em algumas regiões do país, as uvas foram colhidas antes do normal para que não ficassem sobremaduras. Brian Coser, fundador da Tapanappa, disse que os vinhos desta safra deverão ser “mais frutados, porém com menos elegância, estrutura e acidez do que em anos mais frescos”.

Regiões mais quentes do país, como os vales do Barossa e de Mc Laren, no entanto, por serem naturalmente mais quentes, não deverão sofrer tanto com o calor como lugares tradicionalmente mais frescos, como Wrattonbully, o vale de Piccadilly e a península de Fleurieu. Nos vales do Barossa e de Mc Laren, conhecidos pelo sabor de fruta bem madura dos seus vinhos, o calor de 2010 deverá inclusive realçar estas características.

MERCADO ASIÁTICO DE VINHOS EM BAIXA.



Os altos preços dos vinhos e a falta de confiança no sistema de vendas en primeur (quando o consumidor compra a bebida antes que ela chegue ao mercado) frustrou as expectativas de que o mercado asiático comprasse boa parte da produção da safra 2009 de Bordeaux. Embora tenha havido um crescimento nas vendas em relação a 2008, o resultado ficou bem aquém do que imaginavam os produtores e negociantes franceses.

Bastante desapontado, o negociante Laurent Ehrmann disse que a expectativa de que os asiáticos caíssem matando em cima dos estoques era “fantasia de europeu”. E completou: “as vendas cresceram, mas eles até estão comprando, mas não qualquer vinho e a qualquer preço”.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

A ITÁLIA SUPERA A PRODUÇÃO DA FRANÇA EM 2010.

A produção de vinho crescerá 5% em 2010 e vai ultrapassar a produçao da França.
A rivalidade franco-italiana em tema de o vinho è antiga. E com a próxima safra a Italia vai voltar a ser o maior produtor do mundo.
A França foi superada pela primeira vez em 2008.


Quem prevê o retorno ao topo do vinho italiano é Coldiretti (é uma associaçao de representação e assistência da agricultuta italiana), que estima para 2010 uma produção de até 5% maior que o valor de 47,5 milhões de hectolitros da França do ano passado, que foram o suficiente para bater a produçao italiana, que no ano passado foi de 45,4 milhoes.


A qualidade caracterizará a safra de 2010, 60% da produção que envolve 250 000 empresas agricolas, é destinado a realizaçao de 320 vinhos DOC (Denominaçao de Origem Controlada, 41 Dogt (Denominação de Origem Controlada e Garantida) e 137 IGT (Indicação Geográfica Típica).

UM DOS MELHORES LIVROS SOBRE DEGUSTAÇÃO.


Será lançado na Bienal deste ano, em São Paulo, um dos principais livros sobre degustação de vinhos.

Esta grande referência sobre conhecimento olfato-gustativo do vinho será lançada, em uma versão de português para o Brasil, na Bienal. A editora Martins Fontes informou que está terminando a edição “O gosto do Vinho”, escrito por Émile Peynaud com Jacques Blouin. Para quem não sabe, Émile Peynaud é um dos maiores enólogos da nossa era e tem uma monumental obra científica acerca da enologia. O que é mais impresssionante, no entanto, deste grande professor, é o fato de ele ser brilhantemente didático e ter uma sensibilidade excepcional para a degustação e seu ensino.

Começa assim (a versão, dos anos 90, está em português de Portugal), para vocês ficarem com vontade. Extraído do prefácio:

“Este livro ensinará ao apreciador, espero eu, pelo menos a arte do conhecimento e da apreciação do vinho. Saber provar é a base do saber beber. A prova ensina-nos a saber dominar e dar bom uso aos nossos sentidos. Os bons vinhos incitam à sobriedade, sendo o alcoolismo a punição do mal beber. (…) Eu queria que este livro vos ensinasse também a falar do vinho. Beber vinho não é um prazer solitário, mas comunicativo. Se for bom, dizei-o da mesma maneira que mais vos apetecer. Há poucos prazeres capazes de tornar tão eloquentes como o de partilhar um copo. Nesta escola, conluirei, tornamo-nos rapidamente eruditos.”

Ou então, para provocar:
“Todos nós nos poderemos tornar em bons provadores, à custa de muito trabalho e sempre mais trabalho, dado que ninguém nasce provador nato”.
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Serviço:
Título: O gosto do vinho
Autores: Peynaud, Émile e Blouin, Jacques
Tradutor: Monica Stahel e Margarita Maria Garcia Lamelo
Revisão técnica: José Luiz Alvim Borges
R$ 125,00 Nº de páginas: 258 pp.
Edição: 1a Ano: 2010 Data de lançamento: agosto
ISBN: 978-85-7827-206-7
País de origem: França

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

CHIANTI.


A região do Chianti, tão rica em história, cultura e tradição, está localizada na parte central da Itália, nas proximidades das cidades históricas de Florença e Siena ( reza a lenda, que tiveram seus limites territoriais demarcados pela disputa pelo canto de duas aves – um gallo nero, Florença, e um gallo bianco, Siena que indicavam a saida de um cavaleiro. O ponto de encontro entre eles seria o limite das cidades). O Gallo Nero, tornou-se o símbolo do vinho que, sabidamente, é o mais famoso do mundo, o Chianti. Mesmo com raízes históricas tão antigas, foi somente em 1716, que o Gran Duque Cosimo III, da mítica família Médici de Florença, através de decreto, fez dessa região, uma área vinícola geograficamente demarcada. A partir de então, somente era Chianti, o vinho produzido na região.
Não há referências ou registros, tanto na literatura como em compêndios de enologia, a respeito dos aromas e sabores do vinho produzido na região, nos seus primórdios. O padrão do Chianti moderno foi ditado pelo Baron Bettino Ricasoli di Castel Brolio ( Barão de Ferro ) em 1860, tendo como referência o vinho francês da época. O corte estabelecido na ocasião e que era usado, até recentemente, incluía 70 % da casta Sangiovese ( tinta nativa, que tem seu nome originado de sanguis jovis), que dava o caráter, corpo e cor; 20 % da tinta Canaiolo, que contribuía com a maciez e 10 % das uvas brancas Trebbiano e Malvasia, que conferiam leveza e frescor ao vinho. Hoje, até 10 % de outras variedades são permitidas, incluindo-se entre essas, até mesmo a Cabernet Sauvignon ( no máximo de 5 %)
A imagem do Chianti foi deturpada ao longo do tempo, em razão da desmedida popularidade alcançada pelo vinho, o que levou a uma ampliação da produção, redundando em queda do padrão de qualidade e conseqüente declínio de credibilidade e vendas. Nas primeiras décadas do século passado, a quase totalidade do vinho vendido na célebre garrafa Fiasco( a garrafa bojuda com a base envolta em palha ), não era da região de Chianti. Os produtores do verdadeiro Chianti reuniram-se e em 1924 criariam o Consorzio Chianti Clássico, que passou a utilizar como símbolo um selo com o Gallo Nero. Posteriormente foram definidas por lei, sete zonas para produção do Chianti, todas na região da Toscana. São elas ; Chianti Clássico, Colli Aretini, Colli Fiorentini, Colli Senesi, Colli Pisane, Montalbano e Rufini. Os vinhos Chianti produzidos na região podem ser classificados em dois tipos : Normale e Riseva. O Chianti Normale é comercializado a partir do primeiro dia de outubro seguinte a colheita, permanecendo somente entre quatro e seis meses no carvalho. Já o Chianti Riserva, é um vinho rico em estrutura e capaz de enfrentar um longo período de amadurecimento. Somente pode ser definido como tal, ao alcançar uma graduação alcoólica maior que 12,5 C e depois de haver envelhecido vinte e sete meses em barricas de carvalho e, pelo menos, três anos em garrafas. Muito embora os Chianti, hoje, sejam regidos pela atuante legislação vinícola italiana, mister se faz ressaltar, que as leis determinam um mínimo de padrão , mas não podem garantir, em absoluto, a qualidade. Dependendo da área em que é originado, do produtor, solo e clima, o Chianti pode ser fino e insípido ou elegante e rico, leve e delicado ou estruturado e poderoso.Ou como diria Borges, algo sem mistério como a felicidade, por que se justifica por si só.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

EXPLICANDO OS MELHORES MERLOT DO MUNDO.

Recentemente foi publicado um post com o resultado de uma disputa na qual classificou 8 vinhos nacionais entre os 10 melhores merlot do mundo ! Algumas pessoas escreveram perguntando como foi possível essa mudança tão grande na qualidade de nossos vinhos ?

Por isso é preciso explicar como foi feita essa disputa:

Inicialmente é importante salientar que a qualidade do vinho nacional vem crescendo muito nos ultimos anos.
Primeiro, com uma qualificação maior dos nossos produtores que passaram a buscar resultados cada vez melhor, qualidade no lugar de quantidade,técnicas de produção mais consistentes, investimento no processo de produção. Se pudessemos fazer uma comparação a indústria vinícola brasileira conseguiu evoluir nos últimos 6 anos o mesmo que se buscou por 20 anos no mundo.
Mas atenção, isso não significa que deixamos para trás grandes países produtores... estamos buscando o nosso nível de qualidade. E isso se reflete nesta disputa ocorrida na Inglaterra.

  • os avaliadores das amostras apresentadas são juízes qualificados, muito deles experientes degustadores que possuem o título de Master of Wine, o reconhecimento mais difícil de obter no mundo do vinho.
  • as amostras foram selecionadas por preço - neste caso os vinhos brasileiros foram enquadrados na faixa de 5 a 15 libras, preço de maior procura no mercado de vinhos inglês. Isto permite que os vinhos nacionais possam competir de igual para igual com vinhos do mundo inteiro (inclusive de países com grande histórico de qualidade) na mesma linha de qualidade. Jamais deveremos comparar um merlot nacional com um grande vinho dePomerol que consequentemente é mais caro (80 libras) por ter maior qualidade.
  • a Merlot vem despontando como uma uva bem adaptada a região do Vale dos Vinhedos, pois apresenta uma maturação mais cedo, o que permite a sua colheita antes do período de chuvas que tanto prejudica as nossas safras.

O organizador desta avaliação tem uma boa impressão do resultado e boas considerações:

"Por um lado, os resultados foram positivamente surpreendentes para os vinhos brasileiros: dos 10 vinhos com melhores pontuações, 8 são nacionais. Vale a pena salientar que entre os bons produtores brasileiros havia vinícolas renomadas, de grande porte, como também pequenos produtores. Isso parece indicar que, para fazer um bom vinho, o importante é a paixão, força de vontade, disciplina e atenção ao detalhes. Por outro lado, a maioria dos 10 últimos colocados também eram vinhos brasileiros, demonstrando que ainda existe muito trabalho para ser feito até que a região apresente uma certa consistência. A parte do estudo que tratou do lado técnico desvendou defeitos que devem ser corrigidos. Alguns deles são fáceis de corrigir, basta conhecimento. Outros necessitam de investimento de longo prazo, principalmente para melhorar as condições dos vinhedos. Finalmente, o estudo demonstrou que o consumidor internacional está de braços abertos para receber vinhos brasileiros. Mais de 85% dos entrevistados disseram associar o Brasil a uma imagem positiva. Isso será uma grande vantagem na hora de fazer um trabalho de marketing do nosso vinho."

Dirceu Vianna - Master of Wine

Podemos nos alegrar e nos orgulhar deste resultado desde que entendamos qual é o seu valor e o seu significado. E vale a pena experimentar ao menos um dos oito vinhos do Brasil que foram tão bem pontuados pelos juízes internacionais.


1º Miolo Merlot Terroir 2005 - Brasil
3º Pizzato Single Vineyard Merlot 2005- Brasil
4º Vallontano Merlot Reserva 2005 - Brasil
6º Larentis Reserva Especial Merlot 2004 - Brasil
7º Don Laurindo Merlot Reserva 2005 - Brasil
8º Cavalleri Pecato Merlot Reserva 2005 - Brasil
9º Michelle Carraro Merlot 2005 - Brasil
10º Milantino Merlot Reserva 2004 – Brasil