sábado, 31 de julho de 2010

COBRANÇA DE ROLHA: SEU RESTAURANTE FAVORITO É AMIGO DO VINHO?



Reproduzo aqui a matéria escrita pelo meu amigo jornalista Mauricio Roloff autor do enoblog RBS.

Digamos que você comprou um vinhaço, daqueles que merecem ser degustados com pompa e circunstância, mas não sabe nem fritar ovo, quanto mais preparar algo para fazer a harmonização. A saída é levá-lo para jantar. Ao chegar no restaurante com a garrafa embaixo do braço, três possibilidades o aguardam: a) entrada proibida para fermentados; b) acesso livre sem custos; c) seu acompanhante será bem-vindo, desde que seja paga a famosa rolha.
Mais comum entre as alternativas, a taxa é a maneira encontrada pelo estabelecimento para garantir algum ganho com esse cliente. O argumento é a necessidade de cobrir gastos e investimentos como a conta de luz, água, mão de obra especializada, taças de cristal, etc. E faz sentido. No entanto, em geral os restaurantes já são vistos com certa desconfiança em função das margens de lucro que costumam aplicar sobre o produto. É o que leva muitos a abrir mão da cobrança de rolha: provar que são amigos do vinho. A tática costuma dar certo, pois é o tipo de informação que corre de boca em boca entre os enófilos. No centro do país existem até publicações que listam e categorizam tais lugares.
ContrapartidaPor outro lado, assim como você levou o vinho por se tratar de um rótulo especial, há o espertinho que, querendo economizar, fez o mesmo com um produto qualquer ou, pior, que consta na carta da casa. Aí também não é certo, pelo mesmo motivo que você não entra no McDonald’s com um sanduíche do concorrente mais barato a tiracolo. Só justifica evitar as opções oferecidas pelo restaurante quando as da sua adega são melhores ou exclusivas. Caso contrário, sujeite-se a pagar o que é cobrado ou deguste a bebida no conforto do lar, seja com ovo frito ou pizza de telentrega.
EtiquetaPara não ver-se em apuros, a dica de ouro é sempre ligar antes para o restaurante, perguntar se há taxa de rolha e, por que não, negociar (por vezes, o valor é tão alto que equivale à proibição à entrada de fermentados). Há quem defenda que, uma vez lá, certas regras de etiqueta devem ser seguidas, como comprar um rótulo da carta para cada garrafa trazida (pode ser um espumante para acompanhar a entrada) e oferecer ao chef ou ao sommelier da casa um cálice do seu vinho.
No final da noite, caso sua conta for considerável, é possível que a taxa seja perdoada. E se o estabelecimento não a tem como prática, espalhe a notícia. Cobrar por servir um vinho da forma correta é justo, mas isso mostra que a relação do local com a bebida é estritamente profissional, sem amizade.


matéria publicada originalmente no enoblog RBS http://wp.clicrbs.com.br/enoblog/


autor: Maurício Roloff


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