sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

MATURAÇÃO DOS VINHOS MADEIRA.

Se recuarmos no tempo para tentar encontrar referências à utilização de calor no envelhecimento dos vinhos, chegamos ao tempos dos Romanos, que já na altura se tinha descoberto que os vinhos envelheciam mais rapidamente quando armazenados no calor. Sabiam também que alguns vinhos tinham melhor comportamento que outros quando armazenados a quente, desde que este tipo de tratamento fosse cuidadosamente administrado. Os Romanos mantinham alguns dos seus vinhos na “fumaria”, por períodos variáveis, antes de transferirem as ânforas para caves frias. A “fumaria” era a parte superior da casa, ou sótão das fornalhas, onde se gerava o calor para o aquecimento central das “Villas”. As ânforas (negras do fumo) eram, naquele tempo, tratadas com enorme reverência e os vinhos que delas saiam eram excepcionalmente apreciados.O envelhecimento do vinho Madeira não virá certamente dos Romanos, mas este processo de maturação que utiliza o calor resulta certamente de uma tentativa de simulação das condições a que os vinhos eram sujeitos nas suas longas travessias oceânicas até às “West Indies”, durante as quais os cascos de vinho Madeira passavam duas vezes os calores da linha do Equador.



A ESTUFAGEM



O vinho é colocado em cubas inox, eventualmente com isolamento térmico, aquecido a 45ºC - 50ºC e mantido a esta temperatura através de um sistema de permuta com água quente, durante um período nunca inferior a 3 meses. Este processo não é utilizado para os vinhos de qualidade superior, para os quais está reservado o processo de maturação em “Canteiro”.



ENVELHECIMENTO EM CANTEIRO



Apenas os vinhos seleccionados como sendo de qualidade superior são envelhecidos segundo este método. A designação “canteiro” é atribuída às traves colocadas no chão dos armazéns que suportam os cascos empilhados. A bateria de cascos empilhados também recebe o mesmo nome. O “canteiro” de cascos é colocado na parte superior dos armazéns, muito próximo do telhado e, portanto, com pouco isolamento, para que possa usufruir do calor que aqui se acumula e beneficiar do efeito da estufagem.O clima sub-tropical da ilha da Madeira é o ideal para este tipo de processo de maturação.Que fenómenos estão por detrás deste tipo de envelhecimento que origina vinhos com aromas tão diferentes dos aromas primários? O envelhecimento oxidativo potenciado pelo calor acelera uma quantidade enorme de processos bioquímicos oxidativos, de polimerização da cor e dos taninos, de esterificação, etc., que conduzem a aromas tão invulgares como os balsâmicos (pinho e eucalipto), os a especiarias (baunilha, pimenta, cravinho, caril, noz-moscada e canela), os de torrefacção (café, tabaco e caramelo), os a frutos secos, a doce de casca de laranja, a coco, etc.



A DIVERSIDADE DO VINHO MADEIRA



Os diferentes tipos de vinho Madeira são função de vários factores:


a. Ano de colheita


1. SoleraMínimo de 5 anos em canteiro. Após este período, podem ser retirados anualmente cerca de 10% do lote base para engarrafamento, sendo este vinho base que é retirado substituído por outro de idade idêntica. Este processo pode repetir-se dez vezes. A seguir à décima adição, o vinho existente pode ser engarrafado de uma só vez.

2. ColheitaVinho de uma só colheita e de uma só casta, com envelhecimento mínimo de cinco anos.

3.VintageVinho de uma só colheita e de uma só casta ou mistura de castas recomendadas, com envelhecimento mínimo de 20 anos em “canteiro”.

b. Indicação de Idade

1. Selecionado - Vinhos entre 3 e 5 anos


2. Rainwater - Máximo 5 anos de idade, cor entre o dourado e o meio dourado e massa volúmica igual ou inferior a 1015 g/litro

3. 5 Anos - Vinhos entre 5 e 10 anos que podem levar o nome da casta

4. 10 Anos - Vinhos entre 10 e 15 anos que podem levar o nome da casta

5. 15 Anos - Vinhos entre 15 e 20 anos que podem levar o nome da casta

6. 20 Anos - Vinhos entre 20 e 30 anos que podem levar o nome da casta

7. 30 Anos - Vinhos entre 30 e 40 anos que podem levar o nome da casta

8. + de 40 Anos - Vinhos com mais de 40 anos que podem levar o nome da casta

c. Processo de produção


Canteiro

Menção reservada aos vinhos que envelhecem no mínimo 2 anos em “Canteiro”

d.Grau de doçura


1. Extra - seco - <>

2. Seco - Entre 49,1 g e 64,8 g de açucares totais por litro de vinho


3. Meio-seco - Entre 64,8 g e 80,4 g de açucares totais por litro de vinho


4. Meio-DoceEntre 80,4 g e 96,1 g de açucares totais por litro de vinho


5. Doce> 96,1 g de açucares totais por litro de vinho

e. Estrutura


1. Leve - Vinho pouco encorpado mas equilibrado

2. Menção - Rico em extracto, equilibrado e cheio

3. Fino - Vinho de Qualidade, elegante, acidez equilibrada, corpo e aromas de envelhecimento em casco

4. Macio - Vinho fino com “bouquet” evoluído

5. Aveludado - Vinho macio e glicerinado, untuoso, resultante do envelhecimento em cascos

6. Amadurecido - Vinho macio, demonstrando idade e equilíbrio perfeitos

f. Cor

1. Muito pálido - Aberto, levemente citrino, jovem

2. Pálido - Aberto, palha

3. Dourado

4. Meio Escuro - Dourado com leves tons acastanhados

5. Escuro - Dominância dos tons acastanhados

g. Castas


Malvasia
Boal
Verdelho
Sercial


É esta a ordem decrescente de doçura que caracteriza os Vinhos da Madeira.


fonte: sogrape vinhos


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